quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

as boas cinzas são tijolos

Da série: "As referências que me influenciaram"

Ao completar 32 anos de existência, o Teatro do Ornitorrinco fundado em 1977 pelo trio Cacá Rosset, Luiz Roberto Galízia e Maria Alice Vergueiro lançou o livro "O Teatro do Ornitorrinco", em grande formato, com vasto material iconográfico e documental - fotos, programas de peças, reproduções de críticas e reportagens publicados na imprensa do Brasil e do exterior, desenhos de figurinos, croquis de cenografia e até ingressos e bilhetes escritos à mão pelo diretor Cacá Rosset.
Na foto, Cacá Rosset e Rosi Campos, em 1985, encenando Ubu-Rei

O Teatro do Ornitorrinco
Organização Christiane Tricerri
Imprensa Oficial. 524 págs. R$ 185.

sem palavras

Milton Andrade, saudades do professor
Texto retirado do livro "Alpharrabio 12 anos – uma história em curso – 2002"

"Nasceu em Itapira, radicado no ABC desde 1960. Formado em Direito e Letras. De seu extenso currículo profissional, constam atividades ligadas às mais diversas manifestações artísticas, como música (Coordenador Geral do Festival de Inverno de Campos de Jordão, em 1980, criador da Orquestra Sinfônica Juvenil do Estado de São Paulo e membro fundador da Associação Pró Música do Grande ABC), artes plásticas (Criador e organizador do Salão de Arte Contemporânea de São Caetano do Sul, em 1967, Diretor Técnico do Museu de Arte Moderna de S.Paulo – MAM, em 1987) e, em especial, ao teatro, quer seja atuando como Diretor de importantes montagens como As Máscaras, A Mandrágora, A Ceia dos Cardeais, quer seja como ator em espetáculos como Um Dia Muito Especial (Ettore Scola), Divinas Palavras (Valle Inclán), Macbeth (Shakespeare), Rasto Atrás (Jorge Andrade), Ivanov (Thecov), ao lado de atores do porte de Laura Cardoso, Rodrigo Santiago e Antonio Fagundes, atuando como membro de júri de importantes prêmios ou, ainda, assinando uma coluna de crítica teatral no Diário do Grande ABC (1985 e 1986). Como dramaturgo, é autor Réquiem para um Louco, Garanto que uma Flor Nasceu e Versos à boca da noite (texto teatral sobre a moderna poesia brasileira). Como ator tem atuado com regularidade também na TV, em novelas da TV Globo como Esperança, Os Maias, Terra Nostra e outras, bem como participa com freqüência de comerciais. Na área da literatura é membro do Grupo da Pedra, Itapira, SP, colaborou em diversos jornais, dirigiu revistas culturais e foi membro de júris de concursos literários. Publicou, pela Alpharrabio Edições, o livro de poemas Inventor de Paisagens. Dentre outras importantes atividades, foi Criador e Diretor da Fundação das Artes de São Caetano do Sul, em 1968, membro do Conselho de Curadores da Fundação Padre Anchieta. Reconhecido como homem de cultura, foi agraciado com importantes prêmios e honrarias como Cidadão Emérito de Itapira, Personalidade do Ano: Cultura, em SCS e em 1999 a revista Livre Mercado outorgou-lhe o Prêmio Desempenho de Empreendedor Cultural."

No blog Alpharrabio

Milton Andrade faleceu ontem, 1º de dezembro de 2009. Para mim, Milton foi o professor de literatura que me colocou em contato com os textos de forma agradável e atraente. Fui romântico, moderno, parnasiano, realista, concreto pelas aulas do professor. Foi boa inspiração. Deixará muita saudade e uma lembrança muito boa.

duas formas de ver

Produção de uma realidade, por Marilena Chauí

"Em “Simulacro e poder” me refiro ao virtual produzido pelos novos meios tecnológicos de informação e comunicação, que substituem o espaço e o tempo reais – isto é, da percepção, da vivência individual e coletiva, da geografia e da história – por um espaço e um tempo reduzidos a um única dimensão; o espaço virtual só possui a dimensão do “aqui” (não há o distante e o próximo, o invisível, a diferença) e o tempo virtual só possui a dimensão do “agora” (não há o antes e o depois, o passado e o futuro, o escoamento e o fluxo temporais).

Ora, as experiências de espaço e tempo são determinantes de noções como identidade e alteridade, subjetividade e objetividade, causalidade, necessidade, liberdade, finalidade, acaso, contingência, desejo, virtude, vício, etc. Isso significa que as categorias de que dispomos para pensar o mundo deixam de ser operantes quando passamos para o plano do virtual e este substitui a realidade por algo outro, ou uma “realidade” outra, produzida exclusivamente por meios tecnológicos.

Como se trata da produção de uma “realidade”, trata-se de um ato de criação, que outrora as religiões atribuíam ao divino e a filosofia atribuía à natureza. Os meios de informação e comunicação julgam ter tomado o lugar dos deuses e da natureza e por isso são onipotentes – ou melhor, acreditam-se onipotentes. Penso que a mídia absorve esse aspecto metafísico das novas tecnologias, o transforma em ideologia e se coloca a si mesma como poder criador de realidade: o mundo é o que está na tela da televisão, do computador ou do celular."

[o último parágrafo, visto por outro ângulo]
Como se trata da produção de uma “realidade”, trata-se de um ato de criação, que outrora as religiões atribuíam ao divino e a filosofia atribuía à natureza. O governo e o discurso adotado pelo presidente Lula julgam ter tomado o lugar dos deuses e da natureza e por isso são onipotentes – ou melhor, acreditam-se onipotentes. Penso que o discurso do presidente absorve esse aspecto metafísico das novas tecnologias, o transforma em ideologia e se coloca a si mesmo como poder criador de realidade: o mundo é o que ele diz.


Você concorda, pergunto eu?