quinta-feira, 30 de outubro de 2014

A complexidade da mudança organizacional

Reprodução de entrevista publicada no site Nós da Comunicação.

Eduardo Ritschel, jornalista e administrador de empresas, 24 anos de carreira, com atuações nas áreas de Comunicação Social e Recursos Humanos da BASF e na gerência de Comunicação Corporativa da Nestlé Brasil, acredita que a eficiência em conduzir o processo de gestão de mudança está em identificar os pontos de vulnerabilidade, definir claramente as etapas e gerenciar cada fase, medindo, por meio de pesquisas, o nível de adesão e compreensão dos envolvidos. "É uma dinâmica estratégica, que exige dedicação e esforço da liderança, mas sem a qual não há garantia do sucesso", explica.

Ritschel já participou de projetos de mudança na CSN, Nycomed e Mapfre Seguros. Há 13 anos, está à frente da Innews Inteligence. Para ele, a reflexão sobre o papel da comunicação na gestão de mudança ganhou impulso porque, hoje, há um consenso entre os executivos de que a falta de participação das pessoas pode levar ao fracasso dos processos de mudança.

Esta entrevista compõe a matéria 'Mudar para sobreviver', reportagem sobre gestão de mudança organizacional a ser publicada, em agosto, na nona edição da revista 'Comunicação 360º', que abordará o tema 'Complexidade: da visão sistêmica à construção do conhecimento'.

Nós da Comunicação - Quais são os maiores desafios para uma equipe integrada, em especial dos profissionais da área de comunicação, ao elaborar e conduzir uma mudança organizacional?
Eduardo Ritschel - Compreender a complexidade de um processo de mudança organizacional, os papéis envolvidos, o ambiente no qual a mudança se processa e o comportamento esperado de cada ator para atingir o resultado são desafios superados com muita dificuldade pelas organizações. Vejo que, na maioria das vezes, as empresas optam por uma solução de comunicação padronizada e uniforme, em uma única mão de direção, para os vários públicos envolvidos, sem considerar necessidades específicas.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Somos espelho, vendo o leito secar

As represas secas formam a parte visível do colapso moral e ético que vivemos, uma metáfora dolorosa das nossas opções desastrosas.

Deitados em berço esplêndido, acreditamos que o malfeito justificaria os resultados esperados – pequenas gotas retiradas do oceano de oportunidades.

Um delito aqui, outro ali, a esperteza institucionalizada e os meus interesses antes dos interesses coletivos nos colocaram nadando no raso da educação, saúde, segurança e desenvolvimento.

Enquanto isso, sempre acreditamos que a chuva viria para lavar a nossa alma. Ela não veio. Somos uma nação pobre de espírito, dividida, sem líderes. Tenho fome de ética, sede de cidadania. E teremos que fazer uma opção que o ambiente nos impõe, não mais aquela que poderia ser planejada. Somos todos culpados, eu e você, vendo o leito secar. Somos espelho.


NA MORTE DOS RIOS
João Cabral de Melo Neto

Desde que no Alto Sertão um rio seca,
a vegetação em volta, embora unhas,
embora sabres, intratável e agressiva,
faz alto à beira daquele leito tumba.
Faz alto à agressão nata: jamais ocupa
o rio de ossos areia, de areia múmia.